Mensagem de Julie Redstone
15 de Junho de 2012.
Amados,
Muitos pensam que a raiva é um instinto fundamental relacionado com o
ser humano, e esta percepção é tanto correta, quanto incorreta. A raiva é uma
conseqüência da necessidade do ego de criar a auto-proteção, uma vez que a
proteção Divina não mais parecia estar disponível ou presente. O ego,
instituído como o agente interno da autoproteção e do autocontrole, quando
confrontado com o desamparo, procura recuperar o poder e o controle, através da
liberação da poderosa energia da raiva, que mobiliza as defesas próprias contra
um inimigo ou ameaça percebida. Neste sentido, a raiva é um agente de
mobilização que tenta assegurar que se seja bem defendido e protegido dos
danos.
Entretanto, a raiva como uma defesa contra o desamparo, não é a
definição do que significa ser humano, exceto no nível em que o ego se presume
como a autoridade sobre o que é esta definição. Enquanto as almas encarnadas
evoluem durante o seu tempo na Terra, uma nova definição de “ser humano” entra
em jogo, uma definição que tem mais a ver com o relacionamento com o Espírito
do que com o ego. De acordo com esta transição, uma nova maneira de lidar com o
desamparo precisa ser buscada, de modo que o desamparo não seja trazido ao ego
como o árbitro da proteção, mas sim levado à Deus como a Fonte de proteção.
Esta transição em lidar com o desamparo redefine a base sobre a qual se
encontra a raiva. Pois se o desamparo pode ser levado à Deus como a Fonte de
proteção, então a raiva não tem mais base para existir. Infelizmente, ainda que
simples de dizer, isto é muitas vezes difícil de fazer. Pois muitos temem abrir
mão da medida de controle e da auto-capacitação que a energia da raiva oferece
aparentemente. Que há um preço a pagar para o uso desta energia nem sempre é
percebido, pois só se pode gerar conflito através do uso da raiva como uma
defesa, e não se pode gerar a paz. E, além disto, não se pode gerar a
verdadeira segurança através da raiva, pois no próximo aparecimento do medo ou
do desamparo na vida, a raiva se manifestará novamente.
Por esta razão, aqueles que estão se movendo ao longo de um caminho
espiritual, precisam buscar uma nova forma de lidar com o desamparo, uma
maneira que permita que o desconforto e até mesmo a dor do desamparo sejam
sentidos, mas que sejam sentidos dentro de um contexto sagrado de Amor Divino.
Manter o desamparo em si mesmo, cria frequentemente a ansiedade, a angústia e o
medo do futuro, especialmente quando as energias da oposição e da separação
ampliam estes sentimentos. Este não é o caso quando se leva o desamparo à Deus,
pois então se pode receber o fortalecimento que decorre de manter o desamparo
no amor, em troca da dádiva da confiança, da esperança e da entrega.
Muitos, no entanto, não confiam ainda neste acordo. Eles temem o
desamparo e se sentem sozinhos com ele. Eles não se lembram de como levar o
desamparo à Deus e assim, eles aprovam a única defesa que eles conhecem, o que
cria uma maior sensação de capacitação, ou seja, tornam-se irritados. Amados,
esta defesa não é uma defesa real. É um disfarce sobre o medo, do tipo mais
frágil. Pois mesmo que se esteja com raiva e em um momento seja reduzida a
sensação do medo e do desamparo, no momento seguinte estes sentimentos irão
retornar quando a vida se apresentar com condições semelhantes, levando a se sentir
impotente novamente.
A maneira de levar o desamparo à Deus é a maneira de levar a própria dor
a este Coração Divino que pode mantê-la junto ao coração humano. Ao mesmo
tempo, pode-se pedir para se sentir sustentado e apoiado através da
experiência, sabendo que nenhuma experiência chega ao ser que não tenha uma
dádiva maior de aprendizado nela. Deve-se experienciar isto para saber a
verdade disto. Muitas vezes acontece, no entanto, por causa dos anos e
existências de separação percebida, que durante muito tempo não há suficiente
confiança ou disposição para lidar com o desamparo de outra forma que não seja
a de assumir o controle de si mesmo.
Nisto reside a escolha em relação à raiva e ao desamparo hoje, ou seja,
se alguém tomará uma decisão sobre como “estar” com estes sentimentos a partir
da perspectiva da alma, ou se irá escolher perspectiva do ego. A escolha
do caminho da alma não é através do controle, mas através da entrega, e isto é
uma escolha que cada indivíduo deve fazer, de acordo com a sua disponibilidade
de liberar o controle em favor de algo muito mais vasto e seguro.
Neste momento, muitos estão enfrentando esta escolha entre o alinhamento
com a alma ou com o ego humano. Quando a alma for escolhida, a raiva irá
desempenhar menos e menos participação na experiência humana, enquanto o amor e
o desejo da real unidade com Deus e com os outros, desempenharão um papel cada
vez maior, chegando a ser o motivo dominante que reorganizará para sempre o
cenário emocional interior.
Fonte:
Colaboração e Tradução:
Regina Drumond –reginamadrumond@yahoo.com.br